terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Qual escolher na hora de candidatura a um trabalho Arquitecto e/ou Designer?

Depois de ler um artigo/crónica no P3 do Público sobre o que são os jovens hoje "Cansei de ser número, prefiro ser sexy", dei conta que um parágrafo em específico fez-me lembrar uma carta de apresentação que fiz a uma empresa de design que procurava todo o tipo de criativos, não tendo especificicado que tipo de criativos seriam esses. Presumi que seriam designers, mas depois questionei-me o que é um designer... um arquitecto é um designer não? Eu pelo menos assim me vejo como um. Decidi arriscar e numa tentativa desesperada de emprego mandei a minha opinião relativa a esse assunto ... partilho-a aqui convosco (vejam lá se não concordam comigo).
"Se pensarmos bem, os jovens em 2012 são, regra geral, bem comportados. Não se metem em drogas pesadas (ai como se preocupavam os pais nos anos 90), têm um papel activo na responsabilidade social (os dados indicam que o voluntariado jovem está a crescer) e até fazem reciclagem.
São viajados, criativos, desenrascados, tecnológicos, "multitaskers", integrados, globais. Têm o mundo a seus pés. Sabem lutar para atingir os seus objectivos. Os objectivos é que se calhar já não são os mesmos de há uns anos atrás. Mas conseguem adaptar-se. Adiam projectos de vida? Talvez alterem os seus objectivos. Será que o casamento é um plano de vida adiado ou é um plano que simplesmente já não faz sentido para esta geração?"

Paula Mateus in P3


Olá Empresa para a qual me candidato,

Podia começar esta primeira abordagem por me apresentar formalmente como dita as regras do bem escrever por carta e email, mas não o vou fazer. Porque apresentar-me em nome, idade e profissão nada acrescenta à vontade que sempre tive, desde os meus tempos de faculdade, de fazer parte de um projecto pluridisciplinar de novas ideias, contextos e arte ... sempre com a arte presente.
Podia contar-vos há quanto tempo essa senhora me acompanha o caminho, mas seria demasiado extensivo e aborrecido. Mas acrescento que desde os momentos de "arts&crafts" dos meus pais na sua pequena loja de artesanato, às oficinas de arte e exposições de trabalhos do período do liceu à decisão final de uma formação universitária, a arte sempre foi um tema central para mim. Digo isto, até ter conhecido a arquitectura, o design, a imagem, a fotografia, a comunicação ... o que serão elas senão uma forma de arte também? Eu é que até então as desconhecia dessa forma ...
Queria optar por uma vertente artística que me realizasse, mas onde conseguisse fazer tudo. Gostava de conseguir fazer tudo ao mesmo tempo. Mas cedo descobri que não havia curso nenhum, em faculdade nenhuma, que me permitisse estudar tudo e, por sua vez, me garantisse uma carreira onde conseguisse realizar tudo o que abrangia a minha paixão artística.
Optei pela mais generalista.
Sempre vi um arquitecto como o "homem dos mil saberes". Construía catedrais, pintava quadros magníficos e até construía engenhocas. Mais tarde soube-o a fazer cadeiras, candeeiros e canetas e, nos dias de hoje, já vai em puxadores de portas, serviços de chá e sapatos. Achei que era a profissão ideal. Era a oportunidade que tinha para realizar o meu sonho de estar mais perto de todas as artes: ser o(a) "Homem/Mulher dos mil saberes".
Formei-me em arquitectura com vontade e paixão durante 7 anos naquela que dizem ser uma das melhores faculdades de Portugal, quiça da Europa e do Mundo, visto que, foi lá que pisaram os Ex.mos Arquitectos Álvaro Siza Vieira e Eduardo Souto Moura.
Tudo parecia perfeito: Estudar onde os verdadeiros mestres estudaram, ser conhecedora das artes, ser multitask, ser autodidacta, utilizar os instrumentos e plataformas de trabalho que o designer, o jornalista, o engenheiro e até O fotográfo utilizam. Tudo estava lançado para ser feliz e realizada a nível profissional. Nada me iria fazer parar a motivação, a vontade de explorar os materiais, de criar novas imagens e espaços com que as pessoas se identificassem, (re)lembrar e (re)utilizar imagens do passado e conferir-lhes um novo olhar, mais contemporâneo. A arte sempre foi a minha musa. Serviria-me da arquitectura para reflectir tudo o que as outras artes me davam, a inspiração, as viagens que fazia e o que olhos viam ...

Começei a trabalhar em arquitectura, ainda nem a faculdade tinha terminado. Estava cheia de vontade pelo mundo do trabalho.
Fiz o trabalho que uma arquitecta estagiária começa por fazer num escritório, aplicando os conhecimentos que a faculdade nos ensinou, trabalhando nos programas de desenho e imagem aprendidos (na maioria das vezes aprendidos à nossa conta e vontade), fazendo projectos de licenciamento, execução e concursos de ideias, etc...
Mas para o comum dos arquitectos que trabalham por aí fora e, sobretudo, por conta de outrém ... nós não fazemos o que a faculdade e a nossa veia artística mais nos ensinou: a sonhar e a construír. O mundo do trabalho em arquitectura ao fim de 4 anos, veio a reflectir-se sempre igual para mim. As artes, a pluridisciplina e a motivação nem sempre estiveram presentes. O direito à opinião profissional/artística na maioria das vezes não existia. Mais vale cair na realidade que somos meramente técnicos desenhadores, conhecedores da melhor forma de fazer linhas num programa complexo de desenho.

Agora e pela primeira vez, numa situação de desemprego ou de "férias forçadas", como eu lhe tento chamar, não quero apenas fazer parte de mais um grupo estatístico apresentado pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional.
Quero tentar agarrar novas oportunidades dentro do "know how" das artes e agarrar aquela vontade que sempre tive pelas grandes ideias, pelo design e claro, arquitectura e o espaço. Quem melhor do que o espaço, para nos causar sensações, mesmo que essas sejam invisíveis aos nossos olhos. A arquitectura tem tudo a ver com tudo, mas sobretudo com as pessoas. E é pelas pessoas e pelo seu conforto desde a beleza que nos rodeia às questões mais práticas do nosso dia-a-dia, que o trabalho de qualquer artista se rege.
Nem sempre e sobretudo neste momento que atravessamos, é possível agarrarmos as nossas ideias ou projectos e realizá-los sozinhos. Digo "nem sempre", porque é difícil a nível econónico e até mesmo social (podemos não ter a sorte de conhecer as pessoas certas que nos ajudem a realizar os nossos sonhos).
A verdade é que, sendo eu arquitecta e sobretudo uma pessoa jovem, preciso mais que a motivação para conseguir realizar qualquer projecto ou objectivo, preciso também de oportunidades. Ultimamente tenho ouvido que se conseguem essas oportunidades lá fora ... no estrangeiro, mas será? Será que um arquitecto em Portugal, têm de ser apenas um técnico desenhador, e a tarefa criativa apenas ao alcance dos grandes mestres e dos grandes lobbies? Será que um Arquitecto em Portugal, o "Homem dos mil saberes e das mil artes" não pode escrever, organizar eventos, trabalhar numa galeria, fazer um sofá, um cenário de teatro ou de televisão, provocar e dar novas ideias para comunicar? Será que um designer também não é um Arquitecto, e um Arquitecto também ele um designer? Ou o Arquitecto é apenas um status de arquitectura segundo a perspectiva clássica e que hoje em dia serve apenas para guardar na gaveta?

Quando li o vosso anúncio no site carga de trabalhos, não consegui ficar indiferente. Será que esta é a oportunidade para mim?
O que significará este "haverá casamento?" para mim, que sou designer, o "Homem dos mil saberes"?
Significará um blind date?

Ahh e já agora ...

O meu nome é Raquel Fernandes, tenho 28 anos e neste momento procuro novos desafios que desenvolvam e incentivem a motivação e a paixão que possuo pela arquitectura e pelo design.

Sei que podia ter optado por uma apresentação breve e concisa, mas esse não seria o meu objectivo nem a melhor forma de me dar a conhecer.
Já mencionei que quero fazer de tudo? Acho que sim ...

Termino este meu contacto de modo formal e como manda as leis da boa educação.

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Os melhores cumprimentos

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Entre o mar e a estrada, o sonho e a liberdade


Já o tinha escrito faz muito tempo, mas como voltei a sentir-me assim ... valia a pena pensar nisto outra vez ...


Réunion ou Reunião é um departamento francês no Oceano Índico, localizado a leste de Madagáscar. A ilha principal é uma das duas maiores Ilhas Mascarenhas, sendo o seu vizinho mais próximo a outra: a Maurícia. Reunião tem, no entanto, várias dependências, espalhadas em torno de Madagáscar, no Índico e no Canal de Moçambique. Capital: Saint-Denis.

Ontem numa das mil e uma noites de maratona no sofá de sala, decidi invadir os canais de documentários, talvez com vontade de descobrir qualquer coisa que ainda não soubesse. Sintonizei-me no Nacional Geographic e não aprendi nada que não soubesse num programa de surf normal. O documentário era uma espécie de diário de um surfista e da sua mulher, igualmente surfista e grávida, que decidiram viajar pelos locais por onde o pai dele tinha surfado quando ele ainda era bebé. No entanto e, à parte das imagens paradísiacas da ilha Réunion e do surf, o que me tocou foi sobretudo a liberdade envolvida na vida daquelas duas pessoas. Pegar nos chinelos, na prancha e nos calções … abraçar o mar e ser feliz. Sei que as coisas não são assim tão simples, nem mesmo para aquele casal de surfistas. Deverão ter de viver de algum rendimento, deverão ter uma casa fixa, deverão ter obrigações mais do que apenas abraçar a estrada e o mar. No entanto, e dado o contexto que ela aparece na minha vida, não deixa de ser questionável toda a situação. Nada importou para que aquelas duas pessoas não se vissem sozinhas naquela ilha, bronzeados e felizes apenas por olhar para o pôr-do-sol. Filtrei a imagem em mim, enquanto lia durante a madrugada um livro sobre um rapaz de quinze anos que foge da casa do pai e decide ser livre por si só. “Sou livre. Fecho os olhos e penso com toda a minha força na minha nova condição, ainda que não esteja bem certo do que significa. Tudo o que sei é que estou completamente sozinho. Desterrado numa terra desconhecida, como um explorador solitário sem bússola nem mapa. Será isto a liberdade? Não sei, confesso, e às tantas desisto de pensar nisso.” (Kafka à beira-mar, Haruki Murakami, pág.62, 7ª edição, 2007)
Numa mesma noite confrontei-me com duas situações que me fazem pensar na liberdade e questioná-la. Sei que não o sou. Sei que ainda não sei ser livre. Podia partir para África depois de ter estudado arquitectura durante 7 anos, e dedicar-me a ajudar quem mais precisa. Ser voluntária de alguma coisa da qual teria orgulho. Sei que podia partir de chinelos e calções, com uma mochila às costas e uma prancha de surf e ir para a ilha Réunion aprender a fazer surf e quem sabe um dia ser um ícone mundial dos mares selvagens. Quem sabe… amor e uma cabana. Ler os livros que nunca na vida uma pessoa teria tempo para ler num emprego 24/7.
Talvez desiludiria muita gente que apostou no meu sonho de erguer casas de betão ou tijolo se partisse para uma migalha do planeta e vivesse do peixe e do mar, da lixa de pranchas e barcos à vela. Talvez desiludiria muita gente que apostou em mim 7 anos de formação quando o que nos faz sonhar é o que nos esgota e irremediavelmente nos caminha para o nosso princípio. Se calhar alguém sempre quis ser astronauta, e nunca o foi porque quando cresceu achou idiota a ideia. Talvez um dia mais tarde quando acorde, se veja no começo da vida da responsabilidade e descubra que ser astronauta não é ser idiota, era ter sido livre.
Quem sabe eu seja feliz em arquitectura porque foi sempre isso que quis para mim, mas quem sabe se não seria mais feliz de outra maneira a fazer a coisa mais simples do mundo como alimentar alguém com fome… e ter sido livre assim.


"É tudo uma questão de imaginação. A nossa responsabilidade começa na capacidade de imaginar. Tal como Yeats disse: «Nos sonhos começa a responsabilidade.» Vira isto às avessas e podes dizer que onde não há capacidade de imaginação, não pode haver responsabilidade. Como se vê pelo exemplo de Eichmann (1)" *

1. Adolff Eichmann responsável pelo plano de extermínio dos 14 milhões de judeus espalhados pela Europa, "apanhado - quer ele quisesse ou não - nos sonhos monstruosos de um homem chamado Hitler." (Kafka à beira-mar, Haruki Murakami, pág.172, 7ª edição, 2007)

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Jiella Chair by Samuli Naamanka


Não é uma peça de design nova, mas é harmoniosa e bela como tudo o que é finlandês nos consegue transmite!
Jiella * Cadeira de madeira suspensa; É Jiella em finlandês para ar em Português..


Gwyneth Paltrow para a revista Bazaar US – Março 2012







Não admira que o Chris Martin não acredite que a Gwyneth esteja com ele. Acho que se fosse ele, também não acreditava!  

Gwyneth Paltrow by Terry Richardson for Harper’s Bazaar US – March 2012

Video “Behind the Scenes” by fashberry *

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

HAPPY CUCHI DAY

Como escrever uma história de AMOR

Na minha história não vivem elementos certos, mas sei que a loucura existe inerte nos corpos. Tudo é uma roda de mil à hora com dois ratos à experiência sádica de um louco fumegante e insaciado. Ansiedade? Eu não a conheço sem ser cegamente irracional. Em que nos transforma a vontade de nos tornarmos seres perfeitos, aprimorados e únicos à chama do que nos cresce no ventre? O que nos tapa e cura os remendos do sofrimento envelhecido pelo tempo? O que é que nos trás de novo o sorriso de almas puras, das simplicidades dos momentos, da veemência do arrepio na espinha sempre nua ao frio? Tomara que o que cresça nunca se perca em si mesmo. Tomara que sempre que a dúvida me chame, a esperança acerte. Mas escrever uma história de amor? As folhas de papel são vazias sem o traço e, porque um livro em branco é sempre a maior lição. Porque não há tempo que espere por nós, nem nós a querer esperar pelo tempo. Somos tudo aquilo que controlamos e mais ainda o que nos faz crescer insaciados pela beleza do que nos prende. Seremos sempre mais que o tempo na universalidade das coisas, dos lugares, dos momentos. O tempo é sempre nosso. O mundo é sempre pequeno para quem é grande. Chega de batalhas racionais em lanças de nada e esperar sempre pelo o que não vem. Mas eu vou, eu chego até onde o impossível sempre me disse que eu não seria capaz. Chega de esperar pelo amanha quando hoje é sempre um bom dia. Os nós no pensamento? Cozo-os todos para que nenhuma linha se solte de mim. Mas como cozer-te em mim?
Corro atrás do que não sei, agarro o mistério que alimenta as veias no que é difícil de apanhar, de agradar, de compreender. Já ninguém lê o que não está escrito. Porque a impulsividade não é aterrorizadora, é genuína onde habita a inocência.
Quero apenas correr à chuva contigo de sabrinas...
Gostava de te dizer que para lá do mundo é sempre mais fácil e que o fim do mundo é sempre onde nós estamos mas, apenas na minha história de amor a loucura existe... E a loucura já a cozi em ti.
Have a lovely Valentine's day! *

Adele Covers Vogue March 2012